You And I - Capítulo 79
Theresa não tinha muito tempo, sentia isso. Sabia que, mesmo com tudo aquilo a acontecer, Edward não iria deixar o escritório mais cedo. Não depois de ter passado uma parte da manhã no hospital por causa de Laura. Ele não iria querer que as pessoas percebessem que algo se passava. Além disso, tinha a certeza de que o marido achava que ela ia passar o dia no hospital com a filha. Por isso, tinha de tomar uma decisão.
Subiu ao andar de cima e, no quarto, colocou algumas das suas coisas numa mala de viagem. Apenas o essencial, aquilo que sabia que ia mesmo precisar. Juntou também alguns produtos da casa de banho e a caixa de fotografias e recordações. Aquela que Laura e Alex tinham encontrado há uns dias. Depois, foi ao quarto de Laura e fez também uma mala para a filha. Não sabia o que Laura iria precisar, mas tentou juntar o que achou mais importante.
Telefonou a Leo e pediu o número de telefone de George, assegurando ao filho que estava a tratar de tudo e que, em breve, se juntaria a eles no hospital. Ainda era cedo, por isso calculava que ia ter tempo. Levou as malas para baixo e guardou-as de imediato na mala do carro. Assim não perdia tempo. Voltou a casa para pegar em alguma comida para levar. Não sabia ao certo que ia fazer a partir dali, por isso queria prevenida. Entrou no carro e começou a conduzir. Sabia bem onde queria ir agora. A morada daquele hotel ainda continuava bem presente na sua memória. Nunca poderia esquecer apesar de, nos últimos 17 anos, não ter lá voltado. Apesar das boas memórias que tinha daquele lugar, também sentia dor e saudade. Afinal, tinha sido ali que vira os pais pela última vez e sempre acreditou que nunca mais os veria. Durante a viagem foi pensando no que poderia dizer, mas não lhe vinha nada à cabeça. Mas também, o que é que dizemos a uma pessoa que nos últimos dezassete anos julgamos estar morta? Não há palavras, há apenas o momento.
Estacionou mesmo à porta e, antes de sair do carro, marcou o número de George. Ele não demorou muito a atender. - Estou sim? - George respondeu do outro lado. - Quem fala? - Theresa respirou fundo antes de responder.
- George? - Apenas perguntou, um pouco a medo. Nem sabia o que dizer.
- És tu, Theresa? - Ele perguntou. Ainda recordava a voz dela. Aquela voz jovem e doce de que se lembrava tão bem.
- Sim, George, sou eu... - ela confirmou
- Nem imaginas como é bom ouvir a tua voz, minha querida! - Ele disse, claramente emocionado. Theresa consegui perceber isso através do telemóvel - Nem acredito que estou a falar contigo, depois de todos estes anos. Como é que tu estás? - ele perguntou. Para George, Theresa sempre fora uma espécie de sobrinha.
- Não sei, George... - Theresa admitiu, tentando controlar as lágrimas - Sinceramente não sei como estou, sinto muitas coisas neste momento - explicou - Ouça, eu estou parada à frente do hotel... Eles estão consigo? - quis saber
- Sim, estão numa das suítes do hotel à espera... - ele confirmou - Falei com a tua irmã e expliquei a história. Eles estavam demasiado ansiosos para saber o motivo de os ter chamado aqui. A tua irmã está neste momento a contar aos teus pais. - ele contou, deixando Theresa ainda mais ansiosa. Eles já estavam à sua espera - Assim que eles terminarem, devem pedir que te chamem... Estás preparada? - perguntou, havendo apenas silêncio do outro lado
- Não sei, George... - Theresa respondeu por fim - É claro que quero ver a minha família, abraçá-los, dizer-lhes as saudades que tenho deles, mas... Durante estes anos não contactei com a minha irmã e eu sabia que ela estava viva... O que é que eles vão pensar de mim? - finalmente começou a chorar
- Eles nunca te vão odiar, Theresa, tu sabes isso! - George disse - Durante estes anos todos, os teus pais e a tua irmã achavam que estavas morta. Tu e o Leo! - ele relembrou - E tu achavas que quem tinha morrido eram os teus pais. E tenho a certeza que o facto de não teres entrado em contacto com a tua irmã tem uma boa explicação - ele acrescentou
- Durante os primeiros tempos eu tentei... Depois de sair do hospital, após o acidente... - Theresa começou - Mas o número estava inválido e meses depois soube que ela tinha decidido afastar-se de mim... - acrescentou, contado a história que tinha ouvido da parte de Edward. - Devia ter insistido mais... - disse, lamentando não o ter feito
- Não, não devias, Theresa! - George voltou a discordar - Se há uma pessoa que podemos culpar de tudo isto, é o teu marido! - ele notou - A única coisa que tu tens de fazer agora é vir aqui dentro ter comigo e reencontrar a tua família. O resto resolves depois. Passou tanto tempo. Achas sinceramente que neste momento a tua família vai estar preocupada com a atribuição de culpas? É claro que não! - ele continuou - Vá, anda ter comigo. Estou mesmo aqui à porta. - disse, desligando o telefone. Foi para a porta e esperou.
Theresa pousou o telefone e voltou a respirar fundo. Tentou recompor-se minimamente e saiu do carro. Caminhou para a porta e sorriu ao porteiro. Viu George assim que colocou um pé dentro do hotel. Sorriu e chorou ao mesmo tempo e encaminhou-se para ele.
- Minha querida Theresa! - George disse assim que ela o alcançou. Já Theresa, no meio do sorriso e de todas aquelas lágrimas, abraçou-o com toda a força que tinha. George sempre fora da família e nunca pensou voltar a estar ali, com ele. Chorou tudo o que tinha a chorar. Foi ali que percebeu as saudades que tinha. E percebeu também que, dezassete anos depois, estava prestes a recuperar a sua vida a ter a oportunidade de ser feliz novamente. - É tão bom ter-te aqui, Theresa! - ele disse depois de quebrarem o abraço - Nunca pensei que isto fosse possível.
- Ninguém pensou, George... - ela disse - Onde é que eles estão? - quis saber
- Lá em cima... Vamos aguardar que a tua irmã diga alguma coisa, pode ser? - ele perguntou e ela assentiu - Anda, vamos sentar-nos enquanto esperamos... Tenho a certeza de que não vão demorar muito. - Theresa concordou. E na verdade, ainda não se tinham sequer sentado quando George recebeu uma chamada de Louise a avisar que já tinha falado com os pais. Ele informou-a de que Theresa também estava ali. Trocaram mais algumas palavras e depois desligaram a chamada - A tua irmã falou com os teus pais... Estão ansiosos por te ver... Estás preparada? - perguntou. Theresa assentiu. Estava nervosa, ansiosa, com medo... Mas estava na hora de reencontrar a família. Seguiram para o elevador e entravam. Já não havia volta a dar, estava na hora.
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Boa tarde, como estão? Espero que tenham gostado de mais um capítulo. Já houve este reencontro da Theresa e do George, mas é no próximo que vão ser os grandes reencontros. Estou ansiosa para vos dar esses capítulos. Fiquem bem e até ao próximo capítulo :)