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World of Stories

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"Live After Storm" - Capítulo 1

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Ainda não tinha entrado na escola e já sentia a recriminação por parte de todos os que ali estavam. Os olhares. Os comentários. O medo que alguns daqueles alunos sentiam só de o ver passar.

Liam esteve ausente por três meses. Tudo por algo que sempre jurou não ter feito. Mas foram precisos três meses para que a polícia acreditasse. Ou pelo menos para que alguém lhes dissesse que ele estava a dizer a verdade. Mas isso não chegava para as pessoas daquela escola, não chegava para os seus antigos colegas e amigos.

Caminhou por aqueles corredores sem olhar em volta, sem encarar as pessoas. Conhecia bem o caminho até à sala onde precisava ir. Estudava ali desde sempre, com exceção dos últimos três meses. Chegou por fim junto da porta onde se lia Diretor numa placa dourada. Bateu e esperou que alguém lhe dissesse que podia entrar. A conversa foi curta, apenas umas boas vindas e um “tem paciência, em breve os teus colegas esquecem-se de tudo e voltarás a ser o antigo Liam”. Não acreditava nisso. Não era apenas na escola que o olhavam de lado, que se desviavam quando o viam passar. Era a mesma coisa em todo o lado. Liam apenas acenou com a cabeça, pegou no horário que lhe tinha sido entregue e dirigiu-se à sala onde teria a primeira aula. Sentou-se na mesa mais atrás, apenas para evitar ter todos os olhares sobre si durante toda a aula. Passados uns minutos começaram a entrar os colegas de turma. Uns olhavam, outros cochichavam, outros mostravam apenas indiferença. Talvez para esses a presença dele não os incomodasse. Ou então tinham apenas medo de olhar para ele.

A normalidade, se assim pode chamar, apenas voltou quando o professor de português entrou na sala e chamou a atenção dos seus alunos, começando a falar sobre o segundo período, que se iniciava naquela dia, e sobre o trabalho que seria desenvolvido naquela disciplina.

Os olhares foram-se desviando e Liam ficou atento à aula, tentando esquecer tudo o resto. Quando algum dos seus colegas falava, olhava para eles, relembrando com era a relação que tinha com eles antes de tudo mudar. O professor não lhe pediu que falasse vez alguma. Não porque também tivesse medo ou algum problema com ele. Mas para não fazer com as atenções recaíssem todas sobre si outra vez.

Quase no fim da aula, mal o professor falou em trabalho de grupo, as pessoas começaram logo a falar umas com as outras. Começaram também a passar um papel para que todos pudessem escrever o seu nome e indicarem o seu grupo de trabalho. A folha tinha passado por quase todos quando chegou a Liam. Ele escreveu o seu nome, abaixo dos outros grupos. Talvez pudesse trabalhar individualmente. Quando a folha chegou à mesa da frente, a rapariga ali sentada olhou-a durante uns segundos, sem escrever nada.

- Professor, os grupos têm de ser todos de três e quatro elementos ou pode haver exceções? – A rapariga perguntou, fazendo com que as atenções recaíssem sobre si

- Se houver alguém que sobre podemos abrir exceções, sim - o professor respondeu-lhe – Ou fazem um grupo de dois elementos ou então abrimos uma exceção para um grupo maior. O que interessa é que ninguém fique sozinho. Mas ainda não tens grupo, Melissa?

- Eu escrevi o teu nome no nosso grupo, Mel – A rapariga ruiva na mesa atrás dela falou. Era Chloe

- Sim, eu sei – Melissa reparou – Mas há uma pessoa que não tem grupo e como tenho a certeza de que nenhum grupo se vai chegar à frente, eu posso sair do meu grupo e ficar com ele, não me importo – a rapariga sugeriu

- Sim, por mim pode ser – o professor concordou – Liam, importas-te de trabalhar com a Melissa? – Quando o professor proferiu aquele nome todos os alunos dividiram os seus olhares entre Liam e Melissa.

- Sim, posso trabalhar com ela – Liam respondeu

- Pronto, sendo assim, está o assunto resolvido. Obrigada Melissa – O professor deu por encerrado o assunto dos grupos – Não se esqueçam que têm um mês para realizar o trabalho e sempre que precisarem podem vir falar comigo – A campainha tocou e os alunos começaram a sair da sala, prontos para aproveitarem o intervalo. Liam levantou-se para ir falar com o professor, por causa do tempo que faltou. Viu Melissa sair seguida dos amigos, que tinham mil e uma perguntas para lhe fazer. Aquele grupo continuava igual. Pelo menos alguma coisa se mantinha, Liam pensou.

 

- O que é que te deu, Melissa? – Chloe perguntava, seguindo a amiga até ao cacifo, furiosa – Tu estavas no nosso grupo, não precisavas de ficar com aquele… - viu a sua palavra ser cortada antes que pudesse continuar a barafustar

- Com aquele quê? – Melissa perguntou, virando-se de frente para os três amigos – Oiçam, ele foi acusado de algo que não fez e agora tem a escola, aliás, a cidade toda, contra ele – a rapariga disse – Ele saiu da prisão porque foi considerado inocente – falou. O que lhe faltava era agora toda a gente cair em cima dela só por ter sido simpática com um colega de turma

- Mas antes de ser considerado inocente foi considerado culpado, não te esqueças – Foi a vez de Zack falar, tentando levar a melhor amiga a compreender o ponto de vista deles e do resto da cidade – A miúda esteve em coma durante um mês, Mel – acrescentou

- Eu sei que ela esteve em coma durante um mês. E também sei que ele esteve preso. – Melissa concordou com eles – Mas também sei que se ele fosse um perigo nunca na vida o deixariam entrar na escola e aproximar-se de menores. Eu ofereci-me para fazer o trabalho com ele e vou fazê-lo. – Disse, convicta – Não se preocupem, se eu sentir que estou em perigo eu afasto-me – acrescentou, vendo os olhares dos amigos

- Porque é que tens de ser sempre assim, tão defensora de toda a gente, sempre a ver o lado bom das pessoas mesmo quando esse lado pode nem sequer existir? – Foi a vez de Dianna falar

- Porque toda a gente merece ter o benefício da dúvida – Melissa respondeu, voltando-se novamente para o cacifo e abrindo-o – Porque todos merecem uma oportunidade e o Liam não é exceção. E neste caso, as pessoas só estão a ser assim porque gostam de falar, de criticar, de achar que somos aquilo que os outros dizem de nós. Julgam mesmo quando não têm nada em concreto contra as pessoas – disse, com um suspiro, e a conversa ficou por ali

Liam saiu da sala quando Melissa e o grupo de amigos saíram da zona de cacifos. Pensou em chamá-la para lhe agradecer mas algo lhe dizia que ela já estava a ter problemas suficientes por causa dele e do facto de ter decidido ser sua colega de grupo. De qualquer maneira, ao fazer um trabalho com ela, teria várias oportunidades de lhe agradecer. Não sabia qual o motivo de Melissa se ter oferecido. Não sabia se tinha sido por pena, por vontade de desafiar os amigos e os restantes alunos ou simplesmente por, ao contrário da grande maioria, acreditar nele e não ter medo. Fosse por que razão fosse, já era bom ter alguém que não se importasse de falar ou estar com ele. Talvez com o tempo as coisas mudasse, tal como dissera o diretor da escola nessa manhã. A campainha tocou e Liam dirigiu-se à sala onde teria a aula seguinte.

 

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Boa tarde! E assim começa mais uma história aqui no blog. Espero que tenham gostado deste primeiro capítulo, o início de muita coisa que ainda está por vir :) Deixem as vossas opiniões! Vou continuar a publicar aos sábados, como nas outras histórias. Fiquem bem e até ao próximo capítulo! Em princípio vou colocar música aqui no blog, como cotumava fazer nas outras histórias, tipo uma banda sonora. Estou só à procura das músicas certas, que têm mais a ver com aspetos da história :) 

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