"Taking Chances" - Capítulo 18
Brittany continuava a olhar para aquele homem, agora a aproximar-se do sítio onde ela estava. Tinha quase a certeza que era o seu pai mas não o via há tantos anos. Mal se lembrava da imagem que ele tinha. A sua respiração estava acelerada e voltou a apertar a mão de Jackson com força. O rapaz não se queixou e permaneceu ali, sem dizer nada. Gustav aproximou-se quando viu o que se estava a passar. Deixando o irmão mais novo com Anna, colocou-se ao lado de Brittany. Nesse momento, Jackson murmurou um quase inaudível “boa sorte” e afastou-se. Aquele era um momento dos três, algo de família.
Finalmente, aquele homem aproximou-se e Brittany sentiu-se tonta. Agora tinha a certeza de que era o pai. Se não fosse, Gustav não estaria ali ao seu lado. Quando lhe viu a cara, uma lágrima rolou pelo seu rosto. Então era assim que o seu pai era fisicamente.
- Pai… - Gustav começou e George desviou o seu olhar para o filho mais velho – É a Brittany… - apenas disse e o olhar do mais velho dirigiu-se novamente para ela.
- Sim, eu sei... – George disse, quase num sussurro – As feições dela continuam exatamente iguais a quando tinha três anos – continuou, arriscando um sorriso quase visível
- A quando me abandonou, portanto – Brittany disparou, encarando o homem à sua frente – Por quê? – Perguntou sem acrescentar mais nada, mas percebeu que George a tinha entendido
- Foi um erro do qual me arrependo, fi… Brittany – George respondeu à pergunta da filha – Se soubesse tudo o que se seguia depois de o ter feito, nunca te teria deixado com a tua mãe. Tinha lutado mais por ti logo no dia em que… - interrompeu-se, não sabendo qual a história que Brittany já conhecia
- Logo no dia em que o quê? Que descobriu que a minha mãe o tinha traído? – Aquelas palavras eram mais difíceis de dizer do que parecia. Ainda não acreditava que fosse verdade. Mas quando George assentiu, o mundo de Brittany voltou como que a desabar – Então é verdade?
- Sim, infelizmente é verdade! – George voltou a afirmar, desta vez com palavras – Eu devia ter sido forte o suficiente para ultrapassar uma traição ou pelo menos devia ter lutado mais e esse foi o meu grande arrependimento
- Porque é que não aceitou a traição? Quer dizer, estava com a minha mãe porque traiu a sua mulher com ela – Brittany atirou novamente as palavras sem pensar antes de falar. Começava a ser hábito e detestava isso – Desculpe, fui um bocado bruta no que disse, uma traição é sempre uma traição – desculpou-se com sinceridade – E a história de me ter enviado dinheiro e essas coisas também é verdade?
- Sim, é verdade, Brittany – confirmou, enquanto se lembrava de uma coisa – E apesar de não poder provar a traição da tua mãe, posso provar que te enviei dinheiro e outras coisas e que tudo foi devolvido – Brittany olhou-o, confusa – Vem comigo, por favor – pediu e começou a dirigir-se para a entrada da casa.
Brittany seguiu-o, juntamente com Gustav, e depois de entraram em casa, subiram umas escadas que os levaram a uma espécie de sótão/arrumos. Empilhados a um canto, estavam algumas caixas. George pegou nelas e começou a mostrá-las a Brittany.
- Guardei tudo, para o caso de um dia descobrir onde estavas – George começou a dizer, enquanto tirava todas as caixas – Não que a roupa e os brinquedos ainda continuem a ser adequados mas o dinheiro, as cartas, está tudo aí – apontou para todas as caixas – Eu não quero que me perdoes só porque guardei tudo, quero apenas que saibas que não desisti de te procurar
- Obrigada por ter guardado tudo – Brittany disse, olhando para aquelas caixas à sua frente. Os seus olhos pousaram nos autocolantes dos correios onde aparecia “devolvido ao remetente”. Logo ao lado estava a data do destinatário – Esta morada…
- Era a morada da casa onde vivíamos os três, antes de eu sair de Nova Iorque – George concluiu a frase da filha – Depois disso, essa morada passou a pertencer a um casal…
- Os Smith, eu sei – Foi a vez de ser Brittany a concluir a frase de George que ficou um pouco confuso – Os Smith são os meus vizinhos, sempre foram – acrescentou, esclarecendo assim as dúvidas do homem à sua frente
- Isso quer dizer que tu moravas ali mesmo ao lado? – Perguntou, incrédulo – Esse casal sempre me disse que vocês tinham ido para longe, que em nenhuma daquelas casas morava uma mãe com uma filha pequena. Até descreveram as famílias que ali viveram – George disse, cada vez mais surpreso
- Eles mentiram! – Brittany disse, contendo toda a raiva e tristeza que sentia – Durante toda a minha vida pensei que o meu pai nunca se preocupou, que me trocou sem nunca mais olhar para trás, que eu não passava de um fruto de um caso qualquer – Brittany começou – Não lhe consigo perdoar tudo, não assim tão rapidamente mas… finalmente percebo que teve uma razão e que não foi o único culpado nesta história – a rapariga olhou nos olhos do pai e depois voltou a olhar para as caixas – Acha que posso ficar com todas estas coisas? – Perguntou timidamente
- Claro que sim – George assentiu – Obrigada por me teres ouvido, Brittany
- Precisava de o fazer, as dúvidas na minha cabeça não me permitiam continuar com uma vida normal – justificou-se – Mas agradeça também à sua mulher, se ela não me tivesse contado antes provavelmente a nossa conversa seria toda à base de gritos – Brittany disse, com um pequeno sorriso – Apesar de tudo, ela não tem culpa e gosta mesmo de si – acrescentou – Bem, acho que está na hora de voltar a Nova Iorque
- Já? – George e Gustav perguntaram em uníssono
- Acho que preciso de esclarecer as coisas com a minha mãe. Por um ponto final nestas dúvidas todas – Brittany disse, alternando o olhar entre os dois
- Não queres ficar só por hoje? Gostava que conhecesses o teu outro irmão, o Gabe. – George pediu e Brittany olhou para Gustav. Quando o irmão assentiu, Brittany acabou por aceitar – Obrigada – George agradeceu o facto de ela ficar
- Posso fazer uma pergunta? – Brittany pediu e esperou que George assentisse – Nesta família os nomes começam todos pela mesma letra? George, Gustav, Gabe. Alguma razão especial?
- Quando a Eliza ficou grávida tínhamos uma enorme lista de nomes. Para ser mais fácil escolher decidimos que, não importa quantos filhos tivéssemos, se fosse rapaz o nome seria sempre começado por G, por causa de George. Se fossem meninas o nome seria começado por E, por causa de Eliza. Assim era mais fácil escolher, não havia tantos nomes – George explicou e Brittany sorriu, achando a história bonita – O Gustav era suposto chamar-se Elizabeth – George gozou com o filho e Brittany olhou para o irmão, soltando uma gargalhada.
- Isso porque os médicos acharam que ia ser menina – Gustav esclareceu
- E o meu nome, de onde surgiu? – Brittany perguntou, curiosa
- É o nome da tua avó, a minha mãe – George explicou e a rapariga voltou a sorrir.
Quando a conversa terminou, os três foram procurar as restantes pessoas naquela casa. Brittany conheceu Gabe, o irmão mais novo, e o rapaz aceitou-a bastante bem, percebendo e aceitando o passado do pai. Mais tarde, o rapaz admitiu que, quando viu Brittany, achou que ela fosse a namorada de Jackson, o que os deixou bastante envergonhados e fez com que Anna e Gustav desatassem a rir.
Brittany ficou com eles o resto da tarde. Ao jantar, a conversa surgiu naturalmente e Brittany conseguiu sentir-se calma pela primeira vez naquele dia. A pedido de George e Eliza, tanto Brittany como Anna falaram um pouco sobre elas. Brittany sabia que ainda não tinha perdoado completamente o pai, isso levaria algum tempo. Apesar de tudo, ele tinha-a deixado para trás. Mas também percebia que a culpa não era apenas dele. Porém, naquele momento, sentiu que as coisas podiam dar certo, que podia finalmente ter uma família. Também sabia que precisaria de tempo para que tudo ficasse bem. Pensou que aquele dia terminasse em choro e gritos mas estava contente por ter terminado assim. Ainda não conseguia confiar nele, mas sentia que um dia a relação deles podia ser mais normal. Por agora, queria apenas aproveitar aquele momento e tentar conhecer aquelas pessoas que tinha à sua volta.
Durante o jantar, sentiu Jackson olhar para si fixamente, enquanto falava. A certo momento, decidiu olhar também para ele, o que o fez corar e voltar a sua atenção para o prato. No final da refeição, sentaram-se junto à piscina, aproveitando o bom tempo que se fazia sentir naquela noite. Anna estava encostada a Gustav, enquanto trocavam algumas palavras. Eliza e George estavam a beber chá. Brittany estava distraída com Gabe, enquanto o rapaz lhe mostrava uns jogos no telemóvel. Quando o mais novo se retirou para ir buscar um casaco, Jackson aproximou-se e sentou-se ao seu lado.
- Como é que estás? – Perguntou-lhe – Há muito tempo que não te via assim, tão calma – reparou
- Hoje tirei parte do peso de cima de mim – confessou – E a propósito, obrigada!
- Não fiz nada, Brittany – Jackson apenas disse
- Fizeste sim, estiveste ao meu lado e isso é muito importante – disse, sorrindo-lhe – Agora vem a parte de falar com a minha mãe, de esclarecer o que falta – disse, sentindo alguma tensão novamente – E preciso de falar com o Henry também
- Achas que vão voltar a estar juntos? – Jackson perguntou, fitando-a
- Não sei. Primeiro tenho de esclarecer toda a história da traição da minha mãe e pode haver a hipótese de o Henry saber alguma coisa – quando viu o ar confuso do rapaz acrescentou, num sussurro – Eu ainda não referi isto mas… na altura em que o meu pai ainda vivia connosco, o patrão da minha mãe era o pai do Henry!
...............
Boa tarde! Deixo-vos com mais um capítulo. Afinal, a conversa entre a Brittany e o pai acabou por ser mais calma. Mas agora falta ela finalmente confrontar a mãe... e pelos vistos falar com Henry! Gostaram do capítulo? Deixem as vossas opiniões! Fiquem bem e até ao próximo capítulo :)