"Emily" - Capítulo 1
JustAnOrdinaryGirl
Emily saiu de casa quando já ninguém estava a pé, eram perto das 3 da manhã. Não levava nada consigo, nem sequer a carteira ou o telemóvel. Levava apenas aquela dor sufocante, a dor de ser traída por alguém, a dor de saber que dali a uns dias os seus pais estariam divorciados, a dor de saber que apenas poderia viver com um deles, a dor de ter uma vida que não lhe trazia felicidade nenhuma.
Foi em direção ao seu carro, que estava estacionado no mesmo sítio de sempre, em frente à casa onde morava. Ao sair do portão, controlou-se para não olhar para trás. Sabia que se o fizesse, iria arrepender-se da sua decisão e a dor iria ser cada vez mais insuportável.
Entrou no carro e sentou-se ao volante. Pôs o carro a trabalhar e iniciou a viagem. Uma viagem que seria bastante curta. Sabia bem onde queria ir. Assim que avançava, as memórias voltavam todas e nem a música alta as apaziguava.
Quando chegou, Emily parou o carro e deixou-se ficar lá dentro por uns instantes. As lágrimas eram cada vez mais e aquele silêncio todo estava a deixá-la em pânico. Saiu do carro, sem olhar para trás, tal como fizera quando saiu de casa naquela noite. Atravessou a estrada e agarrou-se ao às grades da ponte, olhando para baixo, para a imensidão do rio que ali passava e que agora era apenas uma mancha preta.
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Bryan ia a caminho de casa, depois de mais uma visita aos avós. Estava cansado e tudo o que queria era a sua cama para poder dormir. O sono era cada vez mais forte e estava seriamente com medo de se deixar dormir. Levantou o volume do rádio para ver se despertava um bocado, mas nada. Foi quando estava a atravessar a ponte que avistou aquele carro. Um carro parado numa ponte, a meio da noite e sem ninguém por perto. Temeu o pior e por isso o seu olhar desviou-se para as grades da ponte. Foi então que viu alguém prestes a cometer uma loucura.
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Emily ia saltar dali, acabar com todo aquele sofrimento que não a deixava ser feliz, que não a deixava sorrir. Já tinha passado para o lado de lá das grades da ponte e bastava soltar as mãos para acabar com tudo. Mas de repente, sentiu uma mão a segurar-lhe o braço. Não tinha dado conta de ninguém ter chegado ali, nem sequer tinha ouvido o barulho de um carro. Mas alguém estava a tentar impedi-la de cometer suicídio.
Emily: Larga-me, por favor!
Bryan: E deixo-te cometer esta loucura? Nem penses!
Emily: Nem sabes quem eu sou, o que te interessa se eu morro ou não?
Bryan: Acredita que interessa, mais que não seja para eu não ficar traumatizado.
Emily: Vai-te embora e eu atiro-me depois, para não ficares traumatizado. Mas deixa-me fazer isto, por favor!
Bryan: Não! O que é que te passou pela cabeça para achares que esta seria a melhor solução?
Emily: É mesmo a única solução! Não aguento viver mais como vivo.
Bryan: Então muda isso. Mas não cometas esta loucura.
Emily voltou a olhar para o rio que tinha à sua frente. Depois, começou a chorar. Bryan segurou-a com força. As palavras do rapaz e o facto de ter sido interrompida tinham feito com que perdesse a coragem.
Emily: Tira-me daqui. Por favor!
Bryan: Não te preocupes. Segura-te bem às grades e eu vou puxar-te para trás. Larga só quando eu disser, combinado?
Emily: Obrigada!
Bryan: Não tens de quê. Agora anda, vamos sair daqui.
Bryan levou Emily até ao seu carro e deu-lhe alguma água para que ela se acalmasse um pouco. O seu olhar, apesar da escuridão, demonstrava que ela estava triste e que a sua dor era realmente grande. Quando a rapariga se acalmou, encostou-se ao carro e Bryan foi ter com ela, ficando ao lado dela.
Bryan: Queres que te leve a casa?
Emily: Não. Eu não quero voltar a casa! Se voltar lá, tudo isto vai voltar e nunca vou melhorar.
Bryan: O que aconteceu foi assim tão grave?
Emily: Não te vou chatear com os meus problemas, para deprimida já basto eu!
Bryan: Mas sabes que desabafar faz bem! E é sempre mais fácil desabafar com alguém de fora.
Emily começou novamente a chorar. Só de pensar em tudo o que se tinha passado, tinha vontade de voltar àquela ponte e atirar-se de vez. Bryan, que não aguentava ver uma rapariga a chorar, abraçou-a e permitiu-lhe que ela chorasse à vontade.
Bryan: Ei, tenho a certeza de que vais dar a volta por cima. E tive uma ideia, anda comigo!
Emily: Para onde?
Bryan: Não te preocupes. Vou levar-te para longe, para um sítio onde os teus problemas vão ser esquecidos.
Emily: E o meu carro?
Bryan: Não estás em condições de conduzir. Vou ligar a um amigo, um mecânico. Ele vem buscá-lo ainda hoje.
Bryan abriu a porta do carro e indicou a Emily que entrasse. Depois, dirigiu-se ao lugar do condutor e iniciou a marcha, rumo à sua cidade.
Bryan: Ainda não me disseste como te chamas.
Emily: Emily.
Bryan: Eu sou o Bryan!
Olharam um para outro e, pela primeira vez em muito tempo, Emily esboçou um pequeno sorriso, apesar de um sorriso bastante tímido.
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Boa tarde! E aqui está o primeiro capítulo da nova fic.
Espero que gostem e que tenham vontade de acompanhar.
Vai ser mais pequena que a anterior, mas mesmo assim, ainda tem alguns capítulos.
Não se esqueçam de deixar as vossas opiniões, para eu saber se vale a pena continuar ou se não acham que seja alguma coisa de jeito :)
Fiquem bem e até ao próximo capítulo!